
Recentemente, periciei dois imóveis localizados em uma região de classe média em Curitiba (PR). Como ambos estavam localizados no mesmo bairro, num raio que não chegava a 4 quilômetros de distância um do outro, decidi marcar a vistoria do primeiro para o segundo imóvel com um tempo de 45 minutos de diferença. Ou seja, um foi vistoriado às 15h e outro deveria ser às 15h45min.
Sempre pontual, 10 minutos antes já estava na frente do imóvel, com os documentos que considero básicos: nomeação do juiz, Identidade (RG) e identidade profissional (CRECI-PR). No horário marcado, mostrei os documentos para um dos proprietários e iniciei meu trabalho de anotações e relatório fotográfico, vistoriando o imóvel. No terreno, havia duas residências que precisavam ser periciadas. A primeira eu fiz em pouco menos de 20 minutos, considerando-se o fato de ser uma casa pequena. Na sequência, pedi à proprietária que me guiasse até a segunda residência, que fica nos fundos do terreno.
Foi nesse momento, de vistoriar a casa que ficava aos fundos, que um problema apareceu: a casa estava locada e a inquilina não estava presente. A proprietária começou a ficar encabulada e nervosa, ligando algumas vezes para a moradora sem obter sucesso. Percebi uma visível angústia por parte da proprietária. Naquela situação, permaneci calado e procurei ficar calmo; tomando o cuidado para não sinalizar, por meio de linguagem corporal, qualquer ansiedade. Evitei ações como: olhar o relógio, suspirar alto, ou andar de um lado para o outro, pois pensei comigo: “a proprietária já está nervosa sem eu demonstrar qualquer ansiedade, logo, se eu então transmitir, a situação pode de fato piorar”, mas a real questão é que eu estava começando a ficar impaciente também.
Cerca de 10 minutos depois, a proprietária conseguiu conversar com a inquilina por telefone e explicou que seu filho mais velho deveria estar no local, e achava estranho que não estivesse. Cerca de cinco minutos depois desse diálogo, pouco antes de 15h35min, o responsável (filho) chegou ao imóvel.
Neste meio tempo (15h35min), já sabia que me atrasaria para a segunda perícia, mas estava focado em manter a qualidade e a calma para fazer o trabalho como sempre faço. Tenho comigo que serviço feito com pressa geralmente resulta em trabalho malfeito, por isso, mantive a tranquilidade, esperançoso pela chegada do portador da chave do imóvel.
Mas, para acrescentar uma pequena emoção ao relato, nessa segunda residência, havia um cachorro muito bravo, que o morador segurava por uma corrente fina. Respirei fundo, e adentrei o imóvel, mesmo pressionado pelo tempo da segunda vistoria que se aproximava e por um cachorro que latia incessantemente. Entrei e fiz meu trabalho da melhor forma possível, mantendo meu padrão de qualidade.
Sai da vistoria do primeiro imóvel às 15h50min, de tal forma que a perícia marcada para às 15h 45min efetivamente ocorreu às 16h no segundo imóvel.
Considerando-se que somente uma das partes estava presente na data da vistoria (perícia) e que a responsável pelo atraso foi a própria parte que requisitou o laudo junto ao juiz no processo, isso não gerou qualquer problema.
Entretanto, depois refleti e entendi que o perito precisa trabalhar com uma margem maior de segurança e calcular os riscos. Assim, a “moral desta história” é que aprendi que – mesmo não havendo qualquer prejuízo para mim – se ocorrer uma perícia semelhante no futuro, vou marcar as vistorias com um tempo maior entre os imóveis. Também vou reforçar na petição de agendamento da vistoria/perícia a importância de que imóvel a ser periciado esteja sem qualquer impedimento para o ingresso, visando à efetiva pontualidade.
Filipe Pêgo Camargos
Perito Avaliador Imobiliário
Boa tarde Silmara, obrigado pela orientação. Concordo com você na área da qual exerce, me aconteceu algo parecido. Mudei meus agendamentos com relação a visitas.
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