
Há tantos afazeres no dia a dia! O corre-corre da vida deixa-nos sem tempo para refletir e lembrar que Ele existe! O estresse, a busca pelo trabalho e a corrida para podermos sustentar nossa família muitas vezes nos impede de parar e ouvir, sentir e simplesmente confiar que Deus está aqui ao nosso lado, presente, próximo de nós!
Mas de alguma forma, Ele vem até nós e diz: “Ei, Estou aqui”.
Foi isso que aconteceu em uma das vistorias que eu e Luca fomos fazer. Recebemos uma ligação para realizarmos uma avaliação. Fizemos o orçamento e após aprovação, numa tarde com muito sol e calor, deslocamo-nos para a região metropolitana.
Ao chegarmos no local, algo mágico aconteceu! Tratava-se de uma capelinha antiga. Senti uma emoção muito forte! Aquele lugar, provavelmente com mais de um século, sua arquitetura barroca, com lindos afrescos pintados à mão nas paredes, o aconchego, tudo isso me fez sentir acolhida. E naquela emoção, pensei: como passar por aquele lugar sem derramar uma lágrima, mesmo que discretamente? Como não acreditar que Deus estava ali, tão simples e tão sereno?
Mesmo sabendo que é preciso manter a imparcialidade e o profissionalismo para avaliar qualquer imóvel, tanto eu quanto Luca não conseguimos permanecer naquele lugar tão sagrado sem nos ajoelharmos e fazermos uma prece. Impossível estar ali e não nos deixarmos abraçar por Nosso Pai.
Depois daquele momento de acalento no coração, seguimos para o nosso trabalho: fazer fotos, ver mapas, estudar documentos do imóvel; afinal fomos ali para trabalhar. Mas de fato, foi um privilégio poder estar em um lugar tão peculiar, um lugar que nos fez parar um pouco para refletir.
Para que pudéssemos produzir o laudo, fomos à procura de mais informações sobre aquele que era um imóvel histórico. Não poderíamos avaliar somente o valor comercial, era preciso ir em busca da história da capela. Dirigimo-nos então até a prefeitura da cidade, que tinha tudo arquivado; aqueles livros antigos escritos à mão foram uma viagem no tempo, à época dos meus bisavós. Foi uma verdadeira aula de História, conseguimos resgatar toda a memória da capelinha, desde sua construção.
Depois de alguns dias, voltamos para entregar o laudo e lá estava aquele lugar abençoado. Fomos novamente tomados por emoção e ternura. Verdadeiramente, Deus estava ali, naquele lugar tão simples e de tanta paz.
Ser perito não é somente avaliar friamente um imóvel. Ser perito é saber avaliar o imóvel no valor justo. Mas também é ter um coração que enxergue para além do material, o que é belo, as coisas divinas. É trabalhar com a razão, mas entendendo que somos acima de tudo humanos. Carregamos a racionalidade, mas também a emoção. Porque ser perito nos dá esse privilégio: viver momentos de mansidão, mesmo na correria do dia a dia.
Silmara Gottardi
Obrigada Francisco! Abraço!
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Belo texto, bem apropriado para o momento que estamos vivendo!
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