
Mesmo depois de tantos anos trabalhando com avaliações imobiliárias, percebo que sempre há o ‘novo’. E quanto mais o tempo passa, mais eu aprendo com o dinamismo do nosso trabalho. Uma avaliação nunca é igual a outra, pode ser no mesmo bairro, no mesmo condomínio, até no mesmo prédio, porém cada uma tem a sua peculiaridade.
E não me refiro somente à questão do imóvel avaliando, mas a tudo o que envolve este processo: a maneira como abordamos o zelador ou o porteiro, a conversa com o cliente, as pessoas que Deus vai colocando no nosso caminho. Isso faz o nosso coração palpitar, faz o nosso olhar percorrer todas as partes e entender o quanto somos privilegiados por termos uma profissão tão entusiasmante.
Em um desses trabalhos, eu presenciei algo incrível. Fui contratada para fazer uma avaliação. Depois que o orçamento foi aprovado, agendei a vistoria. No dia e hora marcados, eu estava lá. De imediato, já percebi que a cliente era uma pessoa ‘do bem’: uma senhora falante e serena, com olhar gentil, proferia palavras doces e sempre muito atenciosa.
Ela começou a me contar a história do imóvel e eu a ouvi com toda atenção. Nessas horas, não tem como sermos frios e diretos e já começarmos a fazer fotos, afinal trata-se da vida da pessoa. E a história de Sofia era comovente. Sua casa fora construída com muito carinho, cada detalhe foi pensado. Por isso, naquele momento, me mantive totalmente concentrada na conversa.
A cliente me contou sobre as escolhas para a construção da casa, os cuidados que teve; salientou que fez tudo pensando no bem-estar de sua mãe, que estava com a saúde fragilizada pela idade avançada. Mas o que Sofia não imaginava, segundo ela mesma, é que essas escolhas que fizera em função da sua mãe viriam a ser úteis para ela mesma, pois um problema de saúde a deixou também debilitada.
O que mais me surpreendeu foi a maneira como essa cliente encarou tudo, demonstrando sempre muita sensatez em suas palavras. Me disse que a mãe falecera, mas que era grata por ter convivido com ela por tanto tempo. Quanto à sua saúde, narrou que se sentia bem, com os cuidados e o tratamento, superou tudo.
Aí eu pergunto a você: como ser indiferente a uma história dessa? Como não parar para ouvir uma cliente que está ali diante de você querendo contar a sua história?
Por isso, acredito firmemente que o trabalho com avaliações de imóveis é algo antes de tudo subjetivo, humano. Ninguém me convence de que uma máquina ou uma ferramenta possa substituir o trabalho humano nas avaliações. O nosso papel enquanto Peritos vai muito além de fotografar, fazer cálculos e determinar valores. Isso qualquer um faz! A empatia, o estar presente, o saber ouvir o cliente, isso é o que faz a diferença na nossa profissão.
O final dessa história eu conto para vocês na próxima crônica! Fiquem ligados nas publicações do blog.