
Curso feito, certificado na mão, um mundo cheio de novas experiências me aguardava. Era chegada a hora de partir para a prática, aprender a avaliar imóveis. Enquanto estava na sala de aula, estava tudo bem. Eu recebia as orientações do professor, tudo tranquilo, nada de atropelos ou surpresas durante os cálculos.
Quando comecei a ir para rua, descobri de fato o mundo das avaliações de imóveis. O básico eu havia aprendido, porém eu precisava saber como funcionava este trabalho, pois tudo era novo para mim.
Comecei a trabalhar com Luca, ele já tinha certa experiência na área. Eu o acompanhava nas vistorias e observava todos os detalhes: como fotografar, como anotar, como abordar os clientes. Cada cliente tinha uma história, uma realidade diferente e isso tornava o trabalho cada dia mais empolgante. Porque nunca era a mesma coisa, um dia eu estava em um bairro, outro dia em uma cidade distante, na região metropolitana, no centro da cidade ou em uma área rural. E assim o tempo foi passando e eu envolvida totalmente com meu trabalho.
Consegui conciliar casa, família, trabalho e estudo. Comecei a cursar o Técnico em Transações Imobiliárias (TTI), precisava estudar para conseguir formalizar minha profissão. Eu não queria só auxiliar nas avaliações, meu objetivo virou um sonho e corri atrás. Depois de alguns anos, veio a formatura, recebi a credencial do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI).
Minha alegria foi imensa, eu estava formada em uma nova profissão: Corretora de Imóveis e consequentemente Perita Avaliadora. Agora sim eu estava pronta para assinar meus laudos, pois até então eu só podia auxiliar.
O trabalho aumentava, as indicações também. Quando falavam em avaliação de imóveis, lá estávamos, eu e Luca, sem medo de ‘pegar’ o trabalho. Aceitávamos e depois corríamos atrás para fazer acontecer e sempre deu certo.
As portas se abrem para quem é corajoso, para quem enfrenta o novo e as dificuldades.
Depois de algum tempo, Luca já me deixava ir sozinha fazer as visitas. Lembro-me de que, na primeira avaliação que fiz sozinha, fiquei muito nervosa; um frio na barriga, medo de não fazer corretamente, medo de esquecer alguma coisa. Deu tudo certo, fui adquirindo confiança e experiência e, com alguns meses, já havia se tornado algo natural. Mas o frio na barriga existe até hoje, pois cada avaliação é diferente da outra, o que não deixa o trabalho se tornar repetitivo, pelo contrário.
O aprendizado do perito avaliador é constante e isso torna o trabalho algo mágico, cheio de aventuras, surpresas; por isso, é preciso estar sempre preparado para o inesperado.
Essas aventuras contarei para vocês, que estão me acompanhando aqui no blog, em forma de crônicas. Mostrarei um pouco das minhas experiências durante as vistorias; quero partilhar o que vivi nesses anos trabalhando nas mais de 250 avaliações que já fiz. Espero que gostem e tenho certeza de que muitos de vocês se identificarão com algumas das minhas histórias. São todas reais e vivenciadas no meu dia a dia, narradas com muito carinho para o conhecimento de vocês.
Silmara Gottardi