
Era uma manhã de frio, mas muito frio mesmo, menos dois graus, porém a sensação térmica era de pelo menos quatro graus negativos; o tempo estava ‘fechado’, com nevoeiro intenso.
Num dia assim, a vontade é de ficar em casa, mas o compromisso nos chama. Eu e o Ozorio, meu colega de trabalho, havíamos agendado uma vistoria para oito horas da manhã. Portanto, independentemente do clima, deveríamos estar no local na hora marcada. E mal imaginávamos o que nos esperava.
Chegamos ao imóvel: um terreno enorme, com edificações abandonadas; os portões estavam trancados e aparentemente não havia ninguém no local. Ozorio saiu do carro, chamou, bateu palmas e nada, só se ouvia o latido de um cachorro. Mesmo assim meu colega insistiu e eis que de repente apareceu um senhor e veio nos atender. Estava todo ‘encasacado’, usava uma touca e esfregava as mãos para espantar o frio; veio se chegando devagar e parecia desconfiado.
Conversamos e ele concordou em abrir os portões. Depois que entramos, pediu-nos mais detalhes, o motivo de estarmos ali. Explicamos tudo, mostramos os documentos e falamos que nosso trabalho era só fotografar o imóvel e fazer algumas anotações.
Nesse instante, a ira tomou conta daquele homem. Com a testa franzida, o olhar de raiva e ‘cuspindo fogo’, ele nos expulsou do imóvel. Ordenou que saíssemos imediatamente de lá. Tentamos a todo custo acalmá-lo, mas foi em vão. O homem ficou ainda mais descontrolado e foi saindo de perto de nós. Eu acabei ficando com medo, porque uma pessoa desiquilibrada torna-se imprevisível. Ozorio queria permanecer lá e terminar o serviço, porém eu o fiz entrar no carro.
Saímos rapidamente dali, mas meu colega não se conformou. Ligou para um dos advogados que estava cuidando do caso, porém ele não ajudou muito. Então resolvemos fotografar por fora, Ozorio dirigia e eu fotografava. Sugeri que apontássemos no laudo o ocorrido, contando que fomos impedidos de fotografar a parte interna do imóvel.
Contudo, Ozorio é bastante teimoso, viu uma viatura da polícia passar e teve a ‘grande ideia’. A viatura parou em seguida e fomos conversar com os policiais. Contamos o ocorrido. Os policiais analisaram a papelada e disseram que iam nos escoltar. Chegando novamente ao imóvel, o senhor aquele continuava bastante alterado, porém os policiais disseram que precisávamos fazer nosso trabalho e que ele deveria ficar calmo.
Finalmente, conseguimos entrar. Fizemos as fotos necessárias, anotamos os detalhes do imóvel e saímos tranquilamente. Na saída, agradecemos aos policiais por nos ajudarem. E assim encerramos mais uma avaliação. E essa foi pura adrenalina! Ainda bem que no final deu tudo certo.
Quem vê o laudo pronto, não imagina o que nós, peritos, passamos muitas vezes. Nem sempre a recepção é positiva. Nessas horas, é preciso manter a todo custo o profissionalismo e a calma para que o trabalho seja feito da melhor forma possível.
Silmara Gottardi
Olá Gustavo! São situações que estamos sujeitos a passar né?! Obrigada pela participação, Abraço!
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Achei interessante. Já passei por uma situação parecida em MG.
Um abraço
Gustavo Labares.
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