
Esta é uma profissão pouco conhecida, porém de grande importância dentro do mercado imobiliário e está diretamente ligada às avaliações de imóveis. Entre outras atividades, o engenheiro agrimensor atua nesse ramo geralmente em parceria com os peritos avaliadores de imóveis. E foi numa dessas parcerias que pude trabalhar com Antônio Carlos de Oliveira, engenheiro agrimensor do município de Rio do Sul/SC. Esse tipo de cooperação enriquece nosso trabalho, pois um ajuda o outro, cada qual com sua capacidade técnica. Nesta entrevista, ele nos conta um pouco da sua história e do seu sonho de menino: ser engenheiro agrimensor.
Silmara: O que fez você escolher esta profissão?
Antônio Carlos: Lembro-me que eu tinha 12 anos de idade quando meu pai contratou uma equipe de topógrafos para fazer a demarcação das nossas terras. Eu os observava atentamente e o que mais me chamou a atenção foi ‘aquele aparelho’ (teodolito), com o qual se podia enxergar longe. Eu os acompanhei na medição, juntamente com os vizinhos extremantes do imóvel. Um dos vizinhos até hoje comenta o que eu disse na época: “Quando eu crescer, quero ser engenheiro agrimensor”. Passado algum tempo, no ano de 1984, ingressei no ensino técnico profissionalizante no Colégio Agrícola Senador Gomes de Oliveira, hoje Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari. Dentre as diversas disciplinas, a que mais me destaquei foi Topografia. Em 1987, entrei na faculdade de Engenharia de Agrimensura, na Fundação Educacional de Criciúma (FUCRI), em Santa Catarina, tendo me formado no curso no ano de 1991.
Silmara: Como foi o tempo de estudos? Precisou trabalhar? No que você trabalhou?
Antônio Carlos: Nos três primeiros meses do curso, eu apenas estudava. Sem emprego, ficou difícil me manter na faculdade; não queria que meus pais pagassem minhas despesas. Em diversos momentos, pensei em desistir. Mas e o meu sonho de ser engenheiro agrimensor? Foram dias difíceis e angustiantes, até que um dia um colega de curso, que trabalhava no departamento pessoal de um banco, me disse que estavam contratando e pediu que eu fosse até a agência preencher uma ficha. Para o meu alívio, em dois dias eu estava contratado. Foi o meu primeiro emprego formal. Porém, o curso estava terminando e eu ainda não estava atuando na área, isso muito me angustiava. Faltando um ano para a conclusão do curso, pedi demissão do banco e fui trabalhar numa empresa de topografia, cujos proprietários eram dois engenheiros agrimensores. Comecei a sentir como era de fato trabalhar com topografia. Permaneci nessa empresa durante um ano até finalizar o curso.
Silmara: Qual o trabalho do Engenheiro Agrimensor?
Antônio Carlos: O engenheiro agrimensor é o profissional responsável por descrever, definir e monitorar espaços físicos, nos quais serão instaladas obras de engenharia. Desenvolve projetos de loteamentos, desmembramentos, remembramentos e retificação de áreas; georreferenciamento de imóveis rurais e urbanos; projetos de estradas e rodovias; projetos e orçamentos de pavimentações; avaliação e perícias; aberturas de rumos e divisas de terras; entre outros.
Silmara: Quando você fez a primeira avaliação? No decorrer dos anos, você percebeu a evolução na sua área? Como era fazer uma avaliação e como é hoje? Quais os materiais que foram sendo mudados ou criados? Que recursos você tem hoje para fazer uma avaliação?
Antônio Carlos: Em 1994, fiz meu primeiro curso direcionado especificamente para a área de avaliações e perícias. A partir de então, atuei em diversos processos judiciais e extrajudiciais, como perito nas comarcas da região. Como em todas as áreas, houve grandes evoluções tecnológicas, o que nos permite avaliar um bem imóvel com muito mais confiabilidade e precisão. A internet, por exemplo, proporcionou muito mais rapidez e agilidade no processo de avaliação, de maneira que podemos acessar diversos sites com informações importantes e confiáveis para elaboração dos laudos. Outra ferramenta importante também na avaliação e que está disponível nas redes é o Google Earth, que tem a função de apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de mosaicos de imagens de satélite obtidas de fontes diversas, imagens aéreas e GIS 3D. Desta forma, podemos avaliar o entorno da área a ser avaliada com muito mais segurança.
Silmara: Qual a importância dessa evolução principalmente dos recursos?
Antônio Carlos: Precisão e agilidade no processo de avaliação.
Silmara: Para você, o que é avaliar um imóvel? O que envolve a avaliação? Você estuda, pesquisa, adquire material?
Antônio Carlos: A avaliação de um bem imóvel não é tão simples como parece. Depende de diversos fatores, como: características físicas do imóvel, relevo, idade, zoneamento, entre outros, os quais devem ser estudados de forma profunda, a fim de chegar a uma conclusão compatível com o mercado imobiliário. É preciso utilizar todas as ferramentas disponíveis ao nosso alcance para chegarmos ao nível de maior precisão possível.
Silmara: Como foi depois da faculdade?
Antônio Carlos: Retornei a Rio do Sul, onde resido e atuo profissionalmente. Abri uma empresa de topografia, a Geomapa Engenharia Ltda, e posteriormente fiz sociedade com um profissional da área, trabalhamos juntos até hoje. Atualmente, no quadro de funcionários, a empresa conta com operadores de equipamentos de topografia, auxiliares de topografia, desenhistas e responsáveis por demandas a órgãos públicos, engenheiros agrimensores, engenheiros civis e arquiteto, que prestam serviços em:
- elaboração de projetos de loteamentos;
- projetos de desmembramentos, remembramentos e de retificação de áreas;
- georreferenciamento de Imóveis Rurais e Urbanos;
- projetos de estradas e rodovias;
- projetos e orçamentos de pavimentação;
- avaliações e perícias;
- licenciamento ambiental;
- abertura de rumos e divisas de terras;
- locações (demarcações) topográficas de obras.
Silmara: Para finalizar, qual sua opinião sobre as avaliações serem feitas por engenheiros e corretores? Há espaço para todos?
Antônio Carlos: Há espaço para todos atuarem, desde que o trabalho esteja fundamentado em dados reais, concretos e transparentes.
Achei muito bonito e interessante a história, eu que atuo no serviço de topografia desde 1978, hoje trabalho em conjunto com meu filho Engenheiro Cartógrafo e meu neto cursando Engenharia de Cartografia e Agrimensura na UFPR, temos uma pequena empresa OPL Engenharia, sou também Corretor de Imóveis sou proprietário da Imobiliária Pinheiro, tudo em Rio Branco do Sul PR.
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Excelente trabalho.
Bela entrevista .
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Muito obrigada, Gustavo! Abraço!
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