Um dia de temporal nas avaliações de imóveis

Entre algumas nomeações para avaliações judiciais, eu recebi a nomeação para avaliar um imóvel bastante complexo. Era numa cidade grande. Além de chegar no valor de locação, eu precisava chegar no valor de venda e responder a inúmeros quesitos.

Estudei todo o processo, analisei qual era o imóvel. Aliás, tratava-se de algo diferente: um terreno amplo, com três edificações distintas. Percebi que seria um trabalho desafiador. Fiz o orçamento dos meus honorários. O trabalho na justiça é um pouco lento, prazos longos que às vezes nos deixam ansiosos para saber se o orçamento será aprovado ou não.

Enfim meu orçamento foi aprovado. Agendei a vistoria, tudo conforme o trabalho na justiça. No dia e hora marcados fui ao local. Era um dia de sol muito forte, calor excessivo. Quando estava chegando no imóvel, o tempo começou a mudar; enquanto eu procurava um lugar para estacionar – era uma região de intenso movimento de carros –, começou a ventar, algo fora do comum, o vento cada vez mais forte. E de repente, chuva. Parei o carro perto do imóvel avaliando, mas permaneci dentro do carro para me proteger, porque a chuva aumentou, o vento também. Começou a ficar assustador.

Fiquei uns dez minutos aguardando e o temporal cada vez mais forte. Como estava no horário agendado, liguei para os advogados das partes. Eles estavam ali por perto, mas também dentro dos carros aguardando o temporal passar. E não teve jeito, a cada minuto só piorava, com muitos relâmpagos, trovões e chuva intensa, inclusive chuva de granizo também.

Tomei a iniciativa e conversei novamente com os advogados. Decidi cancelar a vistoria, pois seria impossível fazer fotos com aquele temporal e poderia ser até perigoso para nós. Eu precisava tirar fotos externas e sabia que uma das edificações estava comprometida. Portanto, a melhor opção seria remarcar a vistoria. Os advogados aceitaram.

Voltando para casa percebi o estrago daquele vendaval e da chuva de granizo: muitos galhos no chão, comércio fechado, ruas alagadas, alguns lugares sem energia elétrica, semáforos desligados, o trânsito um caos. Nesse momento é preciso ter calma e muito cuidado para não piorar a situação.

Eu nunca tinha passado por uma experiência dessas, ter que cancelar uma vistoria por causa de um temporal, mas são situações inusitadas que acontecem no dia a dia de um Perito. Algumas vezes, a situação foge do nosso controle e temos que agir com a razão, tentar tomar a melhor decisão para que o trabalho não seja prejudicado e também não podemos colocar nossa vida em risco. Neste caso, procurei agir com prudência.

Em seguida, eu peticionei, explicando que a vistoria não havia sido feita devido ao temporal e já agendei para uma nova data. Tanto o juiz quanto as partes entenderam a situação e na nova data estávamos lá, desta vez com um dia de sol, sem problema algum. E eu consegui dar continuidade ao meu trabalho.

Silmara Gottardi

4 comentários em “Um dia de temporal nas avaliações de imóveis

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