A fazenda – o orçamento

Nós, corretores de imóveis, temos o privilégio de trabalhar a cada dia num lugar diferente e conhecer muitas pessoas. A área da avaliação de imóveis é fantástica. Nosso escritório é o carro, a rua ou qualquer endereço. Dentre tantos trabalhos, desta vez eu e Luca tínhamos uma missão inusitada.

Tratava-se do orçamento para avaliação de uma grande propriedade. Como era algo diferente, numa região do interior, antes de passarmos o valor, fomos conhecer o imóvel. Agendamos com o proprietário e, no dia e horário, lá fomos nós, mais de duas horas de viagem até chegarmos ao local combinado.

Augusto era um homem simpático, falante e bem jovem. Veio nos receber e comentou em tom de brincadeira: “De carro, vocês não conseguirão chegar”. Então, fomos com ele a bordo de sua camionete; com motor forte, traçada, era perfeita para aquele lugar. E mesmo assim outra camionete ia na nossa frente para indicar o melhor caminho. Logo que começamos a andar, percebi o motivo de tanto cuidado: muito barro. Havia chovido durante uma semana, o que piorou ainda mais a situação da estrada de chão.

Às vezes, andávamos aos solavancos, parecia que atolaríamos no barro a qualquer momento. Augusto, embora jovem, tinha experiência em dirigir naquelas condições. Com muito cuidado, percorremos cada centímetro da propriedade. Foi uma verdadeira aventura! De repente, deparamo-nos com uma ponte. Na realidade, eram duas pranchas estreitas, mal cabiam os pneus da camionete, chegou a dar um frio na barriga. Depositamos toda nossa confiança no motorista.

A propriedade era bonita, com relevo irregular, ora planície, ora serra. Havia gado, açudes, plantações, algumas casas, muitas árvores, nascentes, rios, tudo tinha uma beleza particular. Mesmo estando ali com um olhar técnico, porque tínhamos que realizar o orçamento, era impossível não contemplar aquela natureza exuberante, presença real de Deus.

Depois de um tempo, terminamos a visita. Augusto nos deixou no local do encontro e de lá voltamos para casa. Durante o retorno, repassei com Luca tudo o que eu havia anotado e conversamos sobre a propriedade: como avaliá-la, os argumentos, os procedimentos para fazer um bom trabalho que, neste primeiro momento, consistia em passar o orçamento ao proprietário.

Silmara Gottardi

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