
Em meio a um trabalho e outro, clientes para atender, imóveis para avaliar, laudos para produzir, eu e Luca havíamos agendado uma cobertura para visitar e fotografar. A proprietária não poderia nos acompanhar, pois tinha um compromisso. Então, deixou-nos a chave do imóvel. E lá fomos nós para mais uma avaliação.
Era de manhã bem cedo, um dia frio, com sol e um pouco de vento. Chegamos ao prédio. Para entrar, era necessário digitar uma senha. Até aí, tudo bem, a cliente havia nos informado o número, anotado num papel e deixado junto com a chave do apartamento.
Entramos no prédio e primeiramente nos dirigimos à garagem, depois às áreas comuns. Fotografamos e anotamos tudo. Chegamos à cobertura. Enquanto Luca fazia as fotos, eu ia anotando cada detalhe do imóvel, que aliás era muito bonito, ricamente bem cuidado e muito aconchegante. Havia um lindo terraço, com vista para a cidade. Terminamos o serviço, trancamos a cobertura, entramos no elevador e saímos do prédio.
Quando chegamos no portão para rua, algo nos surpreendeu: não tínhamos a chave para abrir de dentro para fora e a caixinha da senha ficava na parte externa. Eu e Luca não sabíamos o que fazer; não era possível digitar a senha porque não conseguíamos ver os números e pular o cercado era impossível, pois havia uma cerca elétrica.
Tanto trabalho nos esperando e nós dois ali tentando achar uma solução. Pensamos em pedir para alguém que estivesse passando na rua digitar a senha, mas seria um grande risco, pois a pessoa saberia a senha para entrar no prédio. Diante de tantas tentativas e ideias, Luca teve uma sensacional, que poderia ou não dar certo. Na dúvida, tentamos.
Luca ligou a câmera do celular, colocou no modo selfie, esticou os braços entre as grades e segurou o celular em frente à caixinha da senha, eu coloquei meus braços entre as grades também e ia olhando na câmera do celular refletindo os números e ia digitando a senha. E não é que deu certo?
Esse fato me marcou muito, pois retrata os imprevistos que podem ocorrer na vida do corretor de imóveis e de tantos outros profissionais. Mas o importante é jamais desistir! Mesmo diante de desafios aparentemente impossíveis, temos que torná-los possíveis! Em momentos difíceis, é preciso respirar, refletir, levantar a cabeça e encontrar uma saída. Foi isso que fizemos e tudo deu certo. Ante o imprevisto, chegamos a uma solução e conseguimos sair daquela situação difícil.
Silmara Gottardi